Abstenções e votos brancos somam mais do que os votos do prefeito eleito de Piracicaba, Helinho Zanatta

Haverá quem diga que foi uma grande vitória de Helinho Zanatta, do PSD, eleito novo prefeito de Piracicaba. Mas me parece uma vitória a ser analisada com o devido comedimento – embora se deva reconhecer que a conservadora Piracicaba reafirmou seu perfil mais uma vez e, se considerados os vereadores eleitos no primeiro turno, disse que quer caminhar ainda mais à direita. E nisso não há surpresa alguma.

Ocorre que analisar os resultados de Piracicaba implica em conferir números. Helinho Zanatta recebeu um total 106.399 votos. Ocorre que isso é menos do que os votos que não chegaram às urnas por motivo de abstenções, que foram 101.933, somados aos votos brancos, que foram 5.550. Ou seja, se 106.399 piracicabanos escolheram Zanatta, 107.433 resolveram não votar ou votar em branco.

O que seus partidários com justiça merecem comemorar é a derrota imposta a Barjas Negri, um dos mais qualificados quadros do que restou do PSDB, um ex-ministro e três vezes já prefeito de Piracicaba. Mas que já vinha da derrota da eleição anterior a prefeito, quando a cidade optou por Luciano Almeida, uma figura que em tudo decepcionou, chegando ao primeiro turno agora em 2024 com apenas 2,46% dos votos válidos – com certeza um dos índices mais baixos entre todos aqueles que buscaram a reeleição no país.

Zanatta tomará posse com uma composição em que a maioria dos vereadores eleitos lhe garantiu apoio antes mesmo deste segundo turno – 12 dos 23 que comporão a Câmara, eleitos pelo PL, Republicanos, PSD, PRTB, PRD, Solidariedade e União Brasil. Portanto, a princípio, presume-se que governará com certa facilidade, mas também com a evidente pressão de se manter fiel a demandas da extrema direita, que deverá cobrá-lo na área de costumes, de radicalidade a questões de gênero, de controle da cultura e da participação popular.

A conferir a festa de comemoração da direita, que parece ainda não ter começado, e o quanto lhe cobrarão o apoio a família Bolsonaro, o governador Tarcísio de Freitas e o PL.

Imagem (divulgação): Zanatta com os vereadores eleitos que lhe garantiram apoio antes do segundo turno, assim como o candidato do PL a prefeito, Alex Madureira

Texto: Beatriz Vicentini – https://www.facebook.com/behelias