É 2025 e os credores das escolas metodistas continuam à espera: nada mudou
Não deveria continuar sendo assunto. Mas é. O processo de recuperação judicial das escolas metodistas, onde nada se resolve, as reclamações continuam e os atrasos de pagamentos aos credores, mesmo que pactuados na Justiça, permanecem, parece não ter nada de novo. É como um daqueles discos antigos riscados: escrevo há dois anos repetidamente sobre as mesmas coisas, os mesmos problemas, os mesmos déficits. Cresce apenas o descrédito com relação ao grupo metodista.
Mas, como existem muitos interessados e afetados, creio que vale aqui registrar as últimas informações disponibilizadas oficialmente pelo administrador judicial – Medeiros & Medeiros -, em 19 de dezembro passado, mas relativas a números de outubro e novembro de 2024. As informações estão transcritas na íntegra, tal como apresentadas no relatório:
a) O Grupo Metodista possuía 8.285 alunos matriculados ao final de novembro/2024, evidenciando uma queda de 21% em comparação ao mesmo período de 2023
b) Ao final de novembro, a Rede Metodista contava com 1.073 funcionários, concentrados, especialmente, no Instituto Metodista de Ensino Superior e Instituto Educacional Piracicabano. Os gastos com pessoal somaram cerca de R$ 3,5 milhões, com maior concentração no Instituto Metodista de Ensino Superior. Os salários estão sendo adimplidos (pagos), contudo há R$ 1.291.337,20 relativo a 189 acordos de rescisão em atraso.
c) As receitas auferidas não têm se mostrado suficiente ante aos custos e despesas da operação gerando sucessivos resultados negativos. Em outubro o prejuízo foi de R$11.882.931,00 e o acumulado de 2024 soma R$69.197.422,00.
d) As recuperandas finalizaram outubro/2024 com R$19,1 milhões em disponibilidades, contudo R$17.205.570,00 está reservado para pagamento dos credores e R$1.852.226,00 é de uso exclusivo para a operação.
e) Os índices de liquidez evidenciam a capacidade de pagamento da empresa, sendo que o resultado esperado é superior a um. No período analisado (outubro 2023 a outubro 2024) o Grupo Metodista não apresenta capacidade de pagamento. O índice de liquidez geral representa melhor resultado, evidenciando R$0,56 de ativos para cada R$1,00 de obrigações. Embora os resultados não sejam adequados, nota-se melhora em 2024. A liquidez imediata, que considera apenas as disponibilidades em caixa demonstra o pior resultado, sendo de R$0,02 para cada R$1,00 de dívida a curto prazo.
f) Em outubro/2024 o passivo extraconcursal (acumulado após dezembro de 2022) somou R$975.972.603,43 e concentra-se, principalmente em parcelamentos e provisões para demandas judiciais
g) No que se ainda refere ao passivo extraconcursal, as recuperandas não apresentam regularidade fiscal com relação ao pagamento dos tributos. O montante em atraso é equivalente a R$102.753.578,38. Em outubro foi pago R$1.035.311,67 de FGTS, R$332.543,84 de INSS, R$1.595,55 de IPTU, R$281.024,02 de IRRF, R$550,86 de ISS e R$107.819,73 de tributos retidos. Ainda segundo o controle do grupo metodista há 58 parcelamentos ativos, cujo saldo atualizado é de R$ 435.077.468,71.
Embora em dezembro de 2023 tenha havido compromisso com a CONTEE relativo ao pagamento do FGTS aos inativos que informassem contas bancárias às instituições, em duas parcelas (15/02/2024 e 30/03/2024), a administradora judicial informa não ter recebido até o final de dezembro passado os extratos individuais que confirmassem tais pagamentos. Assim, sem tal atualização, o que o relatório indica é que do total de R$ 779.750.930,37 definidos como dívida a mais de 10 mil credores no processo de recuperação judicial, haviam sido pagos apenas R$ 133.239.852,85, ou seja, apenas 17,09% do total.
Em item específico sobre o obtido através dos 37 itens (entre imóveis e mantença do serviço educacional) levados a leilão, o valor total informado é de R$ 414.833.406,00 restando ainda prestar contas sobre R$ 30.448.338,86, já tendo sido utilizados R$ 384.710.032,00
Conclusão: nenhum número indicativo de melhores perspectivas para os credores em 2025. Economistas explicarão melhor.
Texto: Beatriz Vicentini
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