Tattoo no braço, tattoo no ouvido

Roger Marza

Foi a baleia jubarte que, em 2019, despertou em mim o interesse em tocar junto ao seu canto, que mais tarde, em meio à pandemia, colaborou para que em 2021 eu lançasse meu primeiro álbum, Alma da Terra.

Quando eu toco ao som de cantos de baleias, meu pensamento vai para um lugar da minha mente de muita paz e criatividade, inspirado também pela espiritualidade.

Por tudo isso, acalentei no ano passado o desejo de fazer uma segunda tatuagem com a Kiki Zerbini, professora de Yoga, terapeuta e uma amiga querida. E o desenho não poderia ser senão o de uma baleia jubarte. No último dia 9 de fevereiro, esse desejo se tornou realidade no Instituto Damata, onde Kiki e Daniel Braga vivem e praticam suas terapias, o Yoga e a Capoeira.

Ao desenho da jubarte pedi para Kiki acrescentar o símbolo da musicoterapia, que é uma clave de sol estilizada com a cobra da medicina, um símbolo jovem para uma profissão que só foi regulamentada em abril do ano passado. As máquinas de tatuagem modernas, sem o uso de fio elétrico, são muito leves, mal senti dor. Foi como se estivesse fazendo uma acupuntura, registrando em mim esse amor pelo mar e seus seres.

Em 2021, foi Kiki que tatuou no mesmo braço uma linda mamãe Yemanjá, num ano em que precisei de muita força para suportar em outubro o até breve à minha mãe Joana, arquiteta, artista e uma pessoa iluminada. E o incrível é que, certa vez, sonhei que havia encontrado com ela após nadar com baleias imensas.

E justo eu, que fico fácil enjoado em uma embarcação no mar! Ouvi de um físico especialista em acústica na semana passada, que cada órgão do nosso corpo têm uma frequência, que no estômago gira em torno de 2 Hertz (hz).

O que causa enjoo em algumas pessoas é a ressonância dessa frequência com as ondas do mar, ou com a paisagem dinâmica quando você está em movimento em um veículo. O remedinho que a gente toma para não enjoar busca ajustar essa frequência no corpo.

Quem sabe eu me acostume aos balanços das águas, mas o fato de tudo estar ligado à vibrações por segundo sempre me deixa mais próximo à música que, como dizia o músico, filósofo e professor, Karel van den Bergen, que fez sua passagem em novembro do ano passado, só a Música importa. E a tattoo de Kiki é também música. Pela gratidão por sua arte, retribuí com a música: Kiki e as Jubartes.

Além de meu ronco assustador – eu tenho apneia severa, estou acima do peso e sou fumante -, que só minha família e vizinhos ouvem, qual é o som que faço? Há alguma marca que esse som produz em você? Escreva-me um comentário, para que eu possa me ver a partir dos seus ouvidos?