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O misterioso som das tigelas tibetanas

O misterioso som das tigelas tibetanas

Roger Marza

O som das tigelas tibetanas lembra o de um sino, mas sua ressonância não se limita à percussão. Muitas vezes, ele paira no ar, envolvendo todo o ambiente e o corpo de quem escuta. Essa característica faz das tigelas um instrumento amplamente utilizado em terapias holísticas e na Vibroacústica, uma vertente da Musicoterapia que trabalha com frequências sonoras.

A musicoterapeuta, professora e musicista Viviane Magalhães, mais conhecida como Vivi da Viola, uma das maiores especialistas em Vibroacústica no Brasil, realizará em Belém, no Pará, no dia 21 de fevereiro, um curso especial sobre o uso dessas tigelas. O curso não é restrito a estudantes e musicoterapeutas, mas também a professores de yoga e terapeutas holísticos interessados em aprofundar seus conhecimentos sobre esse recurso terapêutico.

As tigelas tibetanas surgiram no Nepal e na Mongólia, espalhando-se posteriormente pelo Japão, onde foram incorporadas a práticas religiosas como o budismo, hinduísmo e xintoísmo. Elas podem ser forjadas com uma mistura de quatro a doze metais, que conferem diferentes sonoridades, abrangendo frequências graves, médias e agudas.

Vivi da Viola, que atende em São Paulo no espaço Cor & Som Terapias Integradas, explica que as tigelas tibetanas são especiais devido aos chamados harmônicos, que são frequências naturais que surgem além da nota fundamental e conferem ao instrumento seu timbre único.

“Toda nota tocada em um instrumento musical possui essa característica, mas, pelo fato de as tigelas serem produzidas com uma liga de metais — que, em alguns casos, pode incluir até ouro —, esses harmônicos se tornam mais abundantes e potentes”, explica.

Quando uma tigela é tocada com uma baqueta, seus harmônicos emergem gradualmente, criando uma complexidade sonora que altera a percepção do tempo e da consciência. Essa particularidade explica por que as tigelas tibetanas são tão utilizadas na musicoterapia, meditação e cura sonora.

“Na aula em Belém, utilizarei tigelas de quatro metais. Mas existem tigelas forjadas com sete, onze ou doze metais, cada uma gerando um efeito sonoro e um conjunto harmônico distinto: algumas mais introspectivas, outras mais abertas ou fechadas”, comenta Vivi. O curso será ministrado na Associação de Profissionais e Estudantes de Musicoterapia do Estado do Pará (APEMTEPA), e uma edição do mesmo curso está prevista para julho de 2025, em São Paulo.

Segundo Vivi, o som das tigelas se propaga no ar como uma onda mecânica em formato de senóide. Quando entram em contato com o corpo, podem se espalhar através da água presente nos tecidos, dos ossos e até por condução elétrica. No entanto, o uso terapêutico das tigelas exige conhecimento técnico, e o musicoterapeuta deve avaliar cuidadosamente as necessidades de cada paciente para definir o tipo de tigela e a técnica mais apropriada.

“Eu também ministro cursos para não-musicoterapeutas porque as tigelas tibetanas podem ser inseridas em outras práticas, como o yoga para relaxamento e diversas terapias holísticas. No entanto, é importante lembrar que o uso desse instrumento por um musicoterapeuta envolve um entendimento mais aprofundado dos parâmetros sonoros e das aplicações musicais voltadas ao paciente”, ressalta Vivi. “Podemos abordar tanto o lado neurológico quanto o puramente musicoterapêutico. E por que não explorar também a perspectiva holística? Afinal, foi nesse contexto que elas tiveram sua origem.”

CURSO DE TIGELAS TIBETANAS – Vivi da Viola

21 de Fevereiro, das 18h às 22h

Investimento: R$ 150

Inscrições: 91 9 8364 2353

Local: APEMTEPA, Belém, Pará

E-mail: apemtepa@gmail.com

Roger Marza – Jornalista e saxofonista que faz música com sons da natureza e estudante de Pós-Graduação em Musicoterapia da Faculdade Mozarteum de São Paulo

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